22.5.10

realidade?

Dizia a Carla que se quando rimos muito, depois há-de vir desgraça, porque não o oposto?
Ora, eu tenho chorado q.b., esperava agora qualquer coisinha assim para o primo afastado do euromilhões ou então chegava-me o sossego e a paz da minha vidinha, só com o "stress" dos exames e trabalhos da faculdade.
Mas a minha vidinha acha que monotonia não é para mim. Aqui entre nós, já chega de bombas, pode ser? Aqui a Ana tem caparro, mas não aguenta com tudo. Uns meses sem novidades, de tal modo que se me esgote o assunto e tenha que falar sobre os croissants do cafezinho do meu prédio, já vinham a calhar. Acho que nem é pedir muito.

Estou neste momento na fase que eu chamo de "não me sinto" ou como se diz por aí, em fase de negação.
É uma fase que tem o seu quê de "engraçado". Uma pessoa no fundo sabe que o problema está mesmo ali, mas acha ou quer achar que não é real. O problema até pode estar ali, mas se não o vejo é porque não existe. Já me disseram que está lá, já se começam a agendar orientações, mas eu ainda não o vi.
Eu sei que está lá, sei que tu sabes, sei que vocês as duas também sabem. Mas sei também que nós os quatro continuamos sem querer saber que sabemos.
Porque até chegar o dia em que nos disserem "é isto e agora a solução é esta", vamos continuar a sorrir quando nos apetece chorar. Por ti e por nós. Porque não mereces ver lágrimas quando tu as tentas guardar. Queres ser forte, por ti e por nós. Por isso nós também vamos ser, tenho a certeza.
E sim, vamos chorar. Quando chegar o diagnóstico definitivo. Vamos deixar de acreditar que a massa que cresceu sem permissão vai desaparecer por magia. Vamos deixar de pensar que se calhar a ecografia é que foi bem feita e está mesmo tudo bem e que a TAC veio por engano. Vamos deixar de acordar diariamente e pensar que isto não é nada, que o mais provável é até já ter passado. Vamos chorar, de certeza.
Mas depois, vamos sorrir. Vais estar mais forte do que nunca. E nós também. O que vier pelo meio, vamos encará-lo "de peito feito", vamos dar luta à coisa.
E vamos ganhar!
E aí vamos querer sorrir e vão-nos cair as lágrimas, mas de alegria.

Um passo depois do outro, pensar e viver uma coisa de cada vez.
Sem nos esquecermos de dar graças por nos termos uns aos outros. Que tenhamos sempre.
Amo-vos.

16.5.10

Um Domingo começado por "S"


SOL
Saia e sabrinas...
Solero (só depois é que vi que o Fizz-limão está de voltaaaa!:D)
Sozinhos ;)
Sentar na relvinha (que não estava molhada!)
Sentir o calorzinho
Sonhar com as férias...
Simples e Soube tãooo bem :D

15.5.10

terapia




(Falta um vaso com flores na cestinha...Queria umas roxas.Sugestões?)


Anteontem estava tristonha por tudo o que se passa e também por nada. Por mero acaso, vim parar aqui. Obrigada! Dizia a Hazel para ouvir música, mudar a decoração da casa, queimar incenso, comer chocolate e depois fazer exercício. Só deixei escapar a parte do exercício...
Já há uns tempos que queria alterar o meu quarto, já tinham surgido algumas ideias e anteontem foi o dia. Troquei o tecido que cobria a arca, porque é demasiado bonita para ficar escondida e mudei-a de sítio. No lugar onde estava mora agora (provisoriamente?) um puff e umas borboletas.
(No sítio onde está a arca morava a confusão de um telescópio, sofá verde fluorescente - bom para os mosquitos - e peluchada.)

E certo é que, com tanta distracção me esqueci de estar triste.

13.5.10

Católica?

Nunca sei muito bem o que responder a esta pergunta. Acho que tenho as minhas próprias crenças, sem sentir necessidade de as rotular.
Fui criada numa família cristã e cresci num colégio Salesiano até ao 9º ano. Todos os dias tinha o "Bom dia", em que alunos e (alguns) professores se reuniam, cantavam e faziam uma leitura com palavras de reflexão. Eu gostava, acho que era uma forma de nos acalmar e comigo resultava. Às quartas-feiras era a missa, da qual eu também gostava, sendo feito por e para crianças é diferente. E ao Domingo, lá ia eu e a minha irmãzinha à missa do meio-dia, que às 11h era muito cedo. E embora nunca tenha achado grande piada ao padre da paróquia, que gosta de mandar bitaites do cimo do altar para o povo, continuava a gostar de ir à missa e na hora do sermão desligava e tinha a minha própria conversa com Deus, com Nossa Senhora, com Jesus, com o meu anjinho da guarda e com o meu avô que nunca conheci. Confessava-me e comungava. Rezava 10 avé-marias a Nossa Senhora sempre que me confessava e lembro-me que os meus pecados eram qualquer coisa como: não ajudei a minha mãe a pôr/levantar a mesa; fui má para a minha irmã; disse uma asneira (era raríssimo...e sabia lá eu o que eram asneiras a sério!) e por aí fora. Acho que toda a gente que me rodeava eram os ditos "católicos praticantes", excepto o meu pai que de praticante não tinha nada, e nunca percebi muito bem no que acredita, mas sei que acredita.
Todos chegamos a uma fase na adolescência em que questionamos a religião, não sei bem como chegou a minha, mas lembro-me que as aulas de história foram uma ajuda. Troçávamos dos povos que acreditavam no deus do Sol, que faziam danças para que chovesse, no deus da lua, deus do fogo e por aí fora. Porque não faziam sentido os deuses deles e o nosso faz? Pensei na altura que os deuses se iam adaptando ao povo em questão e que não eram mais do que o inexplicável. Tudo o que ficava para além do conhecimento e domínio humano era gerido por uma força do além, por um ou vários deuses. Seria o nosso igual? A verdade é que os "milagres" são muitas vezes coisas inexplicáveis à luz dos nossos conhecimentos científicos, portanto atribuímos o feito a um santo ou a Deus (ensinaram-me a escrever com letra maiúscula o nosso Deus e com minúscula os "outros" deuses, acho que fica mal a discriminação a qualquer crença, mas tudo bem...). E coisa que sempre me irritou foi "Deus é misericordioso", mas se fizeres asneiras "Deus castiga e vais para o inferno", decidam-se se faz favor. Mas a justificação que mais comichão me faz é "Deus dá a liberdade ao Homem para fazer as próprias escolhas", assim tudo o que vem de bom é Deus, a porcaria vem só e apenas de nós próprios. É verdade esta última parte, mas também é verdade que o bom não é "graças a Deus!", é graças a nós! Ao que me respondem "mas tens saudinha e isso é graças a Deus". Tudo bem, não contesto, porque cada um acredita no que quer. E no fundo ao que uns chamam sorte, outros chamam intervenção divina. Eu, honestamente, tenho as duas fases. Já tive uma fase puramente católica, outra puramente ateia. Agora ando ali algures no meio. Acredito nas pessoas e acredito que há alguma coisa para além de nós. Acredito porque me conforta. E acho que a religião também passa muito por aí, conforta acreditar que as coisas não acabam depois da morte, conforta acreditar que não estamos sozinhos, conforta ir a Fátima a pé na crença de uma cura miraculosa para um caso que os médicos dizem não ter solução. E se a fé é isto, então eu creio. Gosto de acreditar, não sei explicar porquê, mas gosto.
Não gosto das rezas e ladainhas em coro só porque tem que ser. Não gosto do Deus que dizem que castiga. Não gosto que as pessoas acreditem nesse Deus e que O temam, acho isso uma grandessíssima ironia, e conheço demasiada gente assim. Não gosto destas coisas mas respeito. Não gosto da Igreja como está. (Também me ensinaram que igreja é o edifício e Igreja é o povo e o padre.) Gosto de ir a Fátima e sentar-me em silêncio na capelinha das aparições, não para rezar, pedir ou agradecer, mas só para ficar ali, há uma certa paz que me enche as medidas naqueles momentos. Gosto de fazer o mesmo quando entro em qualquer igreja. Não gosto de missas, não gosto porque já ouvi aquilo muitas e muitas vezes, já conheço quase todas as leituras e porque a única coisa que poderia ser diferente, não o é. Pelo menos o padre aqui da paróquia dizia sempre a mesma coisa, dando a volta ao texto, qual político. Não gosto dos dinheiros que envolvem a Igreja, não gosto das riquezas de muitos padres que apregoam uma vida humilde. Não gosto de ironias. Irrita-me que Fátima seja cada vez mais um antro de dinheiros. Irónico.
Gosto de S. João Bosco, porque lhe conheço a história. Gosto de saber as histórias dos santos, gosto que as pessoas acreditem em pessoas reais de tal forma que contribuem para a sua beatificação, ao invés de acreditarem só no Deus que não se vê, mas diz-se que se sente.
Enfim, acredito em algo, porque gosto de acreditar. Agora se acredito no Deus que hoje se apregoa? Não. Se acredito na Igreja que quer moldar a mentalidade do povo à sua imagem e semelhança? Não. E acho inadmissível um padre iniciar a missa do galo com um "Se existisse o aborto na época de Maria, se calhar não estávamos aqui.". Pois, certamente Maria iria ponderar a questão. Isso não se diz meu sr., que falta de respeito. Onde anda a sua fé?
Enfim, e tanta coisa para dizer que há uma coisa que gosto mesmo. Gosto da procissão das velas. Gosto. Sim, também são rezas e ladainhas em andamento, com velas acesas, atrás de uma imagem num andor decorado com flores brancas. Pronto, mas eu gosto. Gosto do que sinto quando vou. Não sei porquê. Gosto da imagem de Nossa Senhora que nos dão a conhecer, porque é a figura de uma verdadeira mãe, que está sempre a postos para amparar, para ajudar e não há cá lugar a castigos, nunca ouvi dizer "olha que Nossa Senhora castiga!". Não sei porquê, mas independentemente da minha crença, nutro um carinho por esta Senhora. E acho que na procissão de velas da terrinha se concentra ali uma energia tal, que arrepia. Pode parecer parvo, se calhar até o é, mas no meio das rezas e cânticos sinto um silêncio que não sinto noutro lugar. E gosto do "adeus" emocionado, também não sei porquê, mas quando a imagem entra na igreja e o povo cá fora acena com os lenços brancos enquanto canta "Uma prece final, ao deixar-te Mãe de Deus, Viva sempre em minh'alma este grito imortal! Oh Fátima adeus, Virgem mãe adeus...", tenho que contrair todos os músculos que consigo para a lagriminha não cair. É contraditório? É sim senhor, mas realmente há coisas inexplicáveis.

12.5.10

Na roulote do Quim lê-se "A salsicha é o produto mais consumido do mundo".

Por acaso, agora até ia um cachorro.

3.5.10

24 anos

No dia 25 de Abril fiz 24 anos. Ia ter direito a uma festa (surpresa) com família e amigos cá em casa, organizada com afinco pelos papás.
Gosto de festejar o meu aniversário, sempre gostei. Este ano estava menos animadita porque as coisas andavam azedas, tínhamos terminado o namoro. Estava determinada a festejar na mesma e resolvi meter-me no carro e ir à queima na noite de 24. Falámos e voltamos a falar ao telemóvel. A Carla viu-me chorar e aturou-me o fado. Decidiste que não ias sair com os teus amigos para o mesmo recinto que eu, mas um telefonema fez-te mudar de ideias.
Sabia que se nos encontrássemos por lá a coisa ia resultar...
Estive com a Ana e com a Joana, diverti-me. E fartei-me de dançar com a Carla, (com a Mónica, a Teresa e outras meninas que não me recordo do nome) ao som do David Fonseca, entre umas visitas às barraquinhas. A noite prometia.
Chegaste e como era de calcular, perdemo-nos num abraço e num beijo, daqueles que fazem parar a agitação à nossa volta. Gostei e sei que também gostaste.
A noite continuava a prometer. Por volta das 5h quis sair, precisava de umas horinhas de sono para aguentar a minha festa (surpresa). Saímos juntos, ainda íamos aproveitar para namorar um bocadito. Comemos um cachorro e discutimos se vínhamos os dois no teu carro e no dia seguinte íamos buscar o meu. Decidimos que não valia a pena.
Íamos a falar ao telemóvel e desligaste, disseste que ias andando, porque eu te pedi aquela surpresa.
Minutos depois, na auto-estrada, ultrapassei um carro, que me apercebi depois estar parado e virado no sentido oposto. Ocorreu-me que podias ser tu, era a mesma cor (?). Não tinha saldo no tmn, enviei-te kolmis, sem resposta. Consegui ligar à Carla do extravaganza, que também não tinha saldo para te ligar. Encostei e desatei a correr, o que me pareceu uma maratona. Isto tudo em segundos. "É ele!", foi assim que desliguei, quando vi um mini e identifiquei a matrícula. Entretanto já outros carros tinham parado e pedido ajuda.
Entrei em pânico quando vi o mini esmagado, respirei quando vi o lugar do condutor quase intacto. Falaste comigo, vieram-me as lágrimas aos olhos! Só te doía o ombro esquerdo e o esterno e estavas mais preocupado com o carro do que contigo. Não sei quanto tempo passou, sei que no meu relógio roçou a eternidade. Vieram bombeiros numa ambulância, que chamaram outro carro de bombeiros e com alicates gigantes que espero não voltar a ver, fizeram do teu carro um descapotável e conseguiram passar-te para a maca, com alguma dificuldade. Começaste-te a mexer e querias ser tu a pôr as pernas em cima da maca, não te deixaram, mas eu sorri ao vê-las em acção. Falaste comigo o tempo todo, embora não te lembres. Queria-te bem acordado. Não me deixaram ir contigo na ambulância, depois de eu ter tentado entregar as chaves do meu carro ao GNR. Disparei em direcção ao meu fiat, ainda cheguei ao hospital antes de ti, não sei bem como, mas cheguei. A Carla já lá estava, porque eu não atendi o telemóvel entretanto.
Telefonei aos teus pais com um nó na garganta.
Entraste para fazer os raio-x, TAC e afins e eu entrei em desespero na sala de espera. A tua mãe veio-nos dizer que tinhas uma costela partida, um pneumotórax e a clavícula fracturada. Mas ias fazer um raio-x à coluna, perguntou-me se mexias as pernas e eu acenei que sim, mas disse-me que as tinhas tolhidas e não urinavas, tinham que te algaliar. O meu chão, que escasseava, deixou de existir. Sei que era um dos teus traumas ficar numa cadeira de rodas, e disseste-me mais tarde que só te lembras de acordar no momento em que te explicavam que te iam fazer um exame à coluna, e choraste. Desejei estar no teu lugar várias vezes, juro que sim. Mas naquele momento mais do que nunca. Que agonia.
Mas foi só um susto. Ficaram a costela e a clavícula fracturadas para contar a história. E como diz o teu pai "não sei como não tiveste bilhete para o outro lado". Acreditas que foi a tua avozinha que estava lá contigo.
O carro teve bilhete directo para a sucata e no teu lugar existia uma redoma.
A vida é irónica.
E se eu não te tivesse telefonado? Se calhar não ias.
E se não nos tivéssemos reconciliado? Se calhar tinhas ficado a dormir em casa do teu amigo.
E se eu não te pedisse nada? Se calhar vinhas mais devagar. (Disseram-te que não foi velocidade.Mas e se foi?)
E se eu fosse contigo no mesmo carro? Não te lembras de nada, mas se adormeceste, eu não tinha deixado.
E se foi problema mecânico e eu estivesse lá? Já não estava cá para contar.
E se?...
Não adianta pensar nos "se". "Deus escreve direito por linhas tortas", diz o povo. Se foi Deus, a tua querida avó ou pura sorte, não sei.
Sei só e apenas uma coisa, agradeço do fundinho do meu coração estar aqui e estares aqui.
Dizem que estes momentos mudam a visão que uma pessoa tem da vida. Sempre pensei que a vida tinha que ser aproveitada ao segundo. Agora sei que a quero aproveitar contigo. Vamos discutir muitas e muitas vezes na mesma, de certeza, casmurros. Não foi o acidente que nos aproximou, feliz ou infelizmente a reconciliação foi antes. Mas quando te vi naquele carro só desejei ser eu e isso já diz alguma coisa, não?...
(Aniversários há muitos, espero eu. Espero também que não se repitam no hospital:P)