30.7.10

Hoje, ao acompanhar-te a mais uma sessão de quimioterapia, cruzei-me com várias crianças sem cabelo e com máscara. E pensei "onde anda Deus?".

25.7.10

Parabéns (?)


Olhei para o relógio e já passa da 00h, já é dia 25 de Julho. Um dia que costuma ser marcado por uma festa, uma prenda, um telefonema especial, muitos beijinhos, daqueles seguidinhos e repenicados , que sempre foram a sua marca especial.
Faz hoje um ano que obriguei a malta a acabar mais cedo as férias no Algarve e atravessar o país para chegarmos a tempo da grande festa. Ah pois, que 90 anos são 90 anos! E nem toda a gente se pode dar ao luxo de aos 90 estar aí fina para cumprir a promessa de oferecer um almoço à família toda, que não é pequena e já conta com duas bisnetas. E, como valeu a pena a viagem pela noite dentro, para ver a sua satisfação! Contida. Mas pura. Não caiu uma única lágrima ao ver o belo vídeo de homenagem, com fotos de toda a família desde a única da sua avó, a única da sua mãe, poucas da sua juventude, aumentando depois o número à medida que o tempo passou e a família cresceu. Não caiu uma lágrima ao apagar as velas ou a receber as prendas. Mas amou tudo, tenho a certeza. A prenda dos netos foi a melhor, claro, e sabemos que gostou quando mostra o álbum digital com fotos do 90º aniversário a cada alminha que entra em casa. Sempre pensei que com o tempo ficássemos mais sensíveis, mais maria madalenas lá por causa das hormonas e coisas. Mas a verdade é que a vida também nos enrijece, não é? E com tudo o que passou, ter-se-ão as lágrimas esgotado? É bem provável. Porque não é qualquer sra. que ainda com uma de 6 filhos em casa, sem emprego remunerado e com uma vida pela frente, tem a coragem de pôr as malas do marido à porta. Divórcio era pecado na altura, o papel não existiu, mas a atitude prevaleceu e eu orgulho-me disso. Nunca a vida lhe reservou facilidades, mas numa casa com 2 camas de casal e 1 de solteiro criaram-se ao mesmo tempo 6 filhos, com um marido de corpo presente. Uma sardinha dava para 6 e pão era em tempo de festa. Casa de banho era coisa de ricos e uma bacia, o tanque e mangueira sempre fizeram o seu serviço. Os filhos ajudaram-se a criar uns aos outros e a mãe foi mãe e pai. Foi faltando muita coisa, mas havia um tecto seguro e o colo de uma mãe incansável. Os filhos cá estão para contar a história e agradecer e asseguro-lhe que se sentem realmente gratos. Depois vieram os netinhos, uma ninhada deles. Eu, felizmente, sou das felizardas que ficaram a viver na mesma terra que a avó. E tive direito aos primeiros banhos com a mão segura de uma avó, a piqueniques na Serra das Meadas, a bolachas cada vez que ia lá a casa, (ainda hoje sei ir direitinha às latas, até de olhos fechados), a pirilampos (sempre achei piada à colecção que está lá pendurada na parede), ainda me lembro de me ensinar a diferença entre o miolo e a côdea, que para mim era só uma coisa - broa... Lembro-me da confusão que me fazia ter que tratá-la por sra., de ser repreendida se errava a conjugar um verbo e a coisa me escapava para a 2ª pessoa do singular. E depois era "a avó quer?", mas não podia ser "você quer?", isto parecendo que não confunde os neurónios de uma miudinha de 3 ou 4 aninhos. E de me olhar de lado e repreender de fininho durante uma tarde por não saber se ia votar ou não, porque nem lhe interessava se era pelo seu partido, tinha era que votar, que é minha obrigação e não podemos deixar o país no abandono. E eu fui. Eu ia, só estava indecisa. Coisa que a avó não poderia entender, não fosse das pessoas mais cultas que conheço, sabedoria que veio com a vida e a obsessão pelas notícias, que a minha mãe herdou. E as prendas? Desde que me lembro de existir que recebia 1000 escudos nos anos e no Natal, a surpresa era nenhuma, mas mil escudos davam para tantos gelados e pastilhas elásticas! Tantos que os meus pais até punham o dinheiro no banco. Depois chegou a altura dos euros, os meus pais já não os depositam nem eu gasto tudo em gelados, vou guardando e depois compro algo, mas sei que foi a avó que me deu. Sempre ouvi os meus amigos dizerem que os avós lhes davam quantias que eu precisaria de anos para amealhar, e reclamar disso. Eu sempre me orgulhei dos 1000 escudos multiplicado por 10 netos, mais um neto recente e duas bisnetas e 10.000 escudos para cada um dos 6 filhos! Porque sei que envolve muita poupança e sacrifício. Aliás, palavras que marcam uma vida. Uma vida cheia de obstáculos, mas também muitas alegrias. Eu diria que são 90 anos bem positivos, não acha avó?
O último ano é que nem tanto. Porque é dura de roer, mas ninguém caminha para novo e o corpo começa a ceder à idade. E de repente uma pessoa independente e vigorosa, que nunca foi ao hospital, teve que recorrer às urgências, ficar internada, passar a noite nos cuidados intensivos, passar o Natal em casa, voltar a ficar internada, voltar a casa, mas não à sua. Precisar agora que a ajudem a tomar banho, lhe preparem as refeições, a vistam... E depois quando as coisas parecem melhorar um bocadito, a força nas pernas fez das suas e a queda não ajudou à situação. Não imagino o sofrimento de alguém que passa uma vida de luta, saindo vencedora, deixar de ter força e vontade para lutar. Porque a alma é mais forte que o corpo, mas não aguenta tudo e quando cada movimento é doloroso, a alma não resiste. E já chorei muito desde Dezembro ao ouvir "que Deus me leve", mas agora mais do que nunca, compreendo.
Há um ano, pensei que por esta altura estariam os netos a abrir os cordões à bolsa para pagar o almoço de família. Mas neste momento a única prenda que desejo é que essas dores acabem, não merece sofrer assim. Eu sei que a última coisa que quer neste momento é festejar os 91 anos.
Mas da nossa parte, um muito obrigada avó! Do fundinho do coração.

23.7.10

a estupidez humana # 3

A corrente não lhe permite sequer deitar-se

Sim, o líquido amarelo é mesmo urina

Na minha visita matinal pela blogosfera, deparei-me aqui com um pedido para assinar um protesto contra as más condições do canil/gatil de Lisboa.
Fui encaminhada para o espaço dedicado ao Canil/Gatil Municipal da Capital, visto através do PPA-Lisboa (partido pelos animais), "mostrando aos cidadãos de Lisboa e não só, como vivem estes cães e estes gatos abandonados e entregues à sua própria sorte!". Eu já vi, não gostei. Fiquei com o coração apertadinho.
Tirem uns segundos do vosso precioso tempo e manifestem-se contra estes abusos. Basta enviarem este e-mail modelo do PPA-Lisboa para as entidades (supostamente) responsáveis:
Assunto: Canil/Gatil Municipal de Lisboa
Exmos. (as) Srs. (as),
Venho, por este meio, comunicar a V. Exas a minha indignação e o meu descontentamento resultantes das degradantes condições apresentadas pelo Canil/Gatil Municipal de Lisboa
Como é do conhecimento de todos e tal como diz na página da Câmara Municipal de Lisboa, o Orçamento Participativo visa contribuir para o exercício de uma intervenção informada, activa e responsável dos cidadãos nos processos de governação local, garantindo a participação dos cidadãos na decisão sobre a afectação de recursos às políticas públicas municipais e possibilitando, assim, ao executivo municipal corresponder às reais necessidades e aspirações da população. O projecto vencedor do Orçamento Participativo de 2010 foi a 3ª Fase da Construção do Canil/Gatil Municipal em Monsanto com 754 Votos, demonstrando assim que os cidadãos não só estão informados em relação às condições do Canil/Gatil Municipal de Lisboa, como desejam que esta realidade mude. Onde foram então utilizados os 375.000 euros?
As condições do Canil/Gatil Municipal de Lisboa continuam um verdadeiro atentado ao bem-estar de todos os animais que lá se encontram, envergonhando os cidadãos Portugueses, indignas de uma Instituição da própria Capital que deveria ser um Centro de Bem Estar Animal. Animais subnutridos, animais deprimidos, animais com problemas de pele, animais feridos e por tratar, animais que (sobre)vivem no meio de fezes, medicamentos fora de prazo, instrumentos que não funcionam, animais amontoados sobre outros animais como se de cadáveres se tratassem, doenças mal diagnosticadas, mal atribuídas, mal seguidas. Boxes exteriores feitas de um metal que ferve com o calor do Verão e gela nos dias mais frios do Inverno, cubículos minúsculos na ala interior, onde os animais se encontram presos a correntes que lhes bloqueiam os movimentos, correntes que por vezes nem lhes permitem deitar-se ou chegar ao alimento, deitados em cima das próprias fezes e urina que por vezes se misturam com as tigelas da comida, onde passam os dias e as noites acorrentados, sem ver a luz do Sol, sem fazer o exercício físico ao qual têm direito, onde vão definhando, acabando muitas vezes por morrer. Gatos enjaulados em caixas de metal igualmente pequenas, onde se chegam a encontrar amontoados à meia dúzia, apoiados em redes onde prendem as patas e por vezes as partem.
Em pleno século XXI fala-se de uma sociedade evoluída, uma época onde o projecto do desenvolvimento contemporâneo parece, finalmente, ter-se cumprido. Mas, de que nos serve os avanços tecnológicos, as mudanças de um processo global de abertura económica, se descobrimos como pano de fundo um cenário vergonhoso e desumano caracterizado pelo atraso moral, pela falta de respeito, solidariedade e sensibilidade face aos animais?! É inadmissível que esta lacuna prossiga e que se continue a presenciar a falta de preocupação e respeito para com os nossos fiéis companheiros!
Perante tais factos, solicito que as Entidades devidas se reúnam para que alterações urgentes sejam realizadas. Tais como:
- Melhoria da qualidade de vida dos animais acolhidos pelo Canil / Gatil minimizando as situações de stress e inadaptação;
- Formação de tratadores municipais na área do bem-estar animal e acções de cooperação;
- Acções de sensibilização da população para a adopção, esterilização, vacinação/desparasitação;
- Esterilização de todos os animais recolhidos pelo Canil / Gatil;
- Cuidados Veterinários para todos os animais recolhidos pelo Canil / Gatil garantindo a sua desparasitação / vacinação (alargamento à vacinação contras doenças infecto-contagiosas);
- Criação e desenvolvimento de um Protocolo de Colaboração entre o Município de Lisboa e Associações/Grupos de Protecção Animal prevendo a cooperação entre as partes para a implementação de um projecto de divulgação e sensibilização para a adopção dos animais existentes no Canil / Gatil;
- Criação e desenvolvimento de um Programa de Voluntariado para o Canil / Gatil;
- Eliminação completa da política de abates de forma a transformar o CGM num espaço de protecção animal de referência, verdadeiramente aberto à população, eliminando por completo o estatuto de ‘canil de abate’;
Este apelo chega-vos para que saibam: Os cidadãos estão atentos e querem que esta situação mude urgentemente! Não vos será imposto um prazo, no entanto exijo que os pontos supramencionados sejam levados com a máxima consideração, para que as alterações sejam feitas o quanto antes.
Aguardarei uma resposta de V. Exas., sendo que no caso de nada ser feito farei uso dos mecanismos legais disponíveis para o efeito.
Com os melhores cumprimentos,
[NOME]
[LOCALIDADE]
[E-MAIL]


Obrigada!

20.7.10

marés vivas 2010



Vestida a rigor, preparada para abraços e munida de preservativos, lá fui eu para o marés vivas, pelo 3º ano consecutivo. Mas não há como o 1º, sim Carla obrigada por teres insistido, ainda não vi concerto como o do amigo James! O ano passado também gostei bastante. Este ano, em termos de concertos heh...Vi alguns que achava que não me interessavam e até gostei, vi alguns que achava que me interessavam e ficaram aquém das expectativas, outros gostei de repetir, outros só ouvi, outros nem isso, que andava a passear-me pelo recinto de preservativos na mão (e na t-shirt).
Eu que pensava que este ano não tinha "tempo" para ir comprar os bilhetes e surge-me uma proposta da Abraço, onde já participei em algumas campanhas como voluntária, para ir com eles ao marés vivas. E lá fui eu. E gostei, mas vim de lá cansadinha, fiz km naquele recinto que não é propriamente enorme. Gosto deste festival, se calhar por ser cá no Norte, como diz a Carla e bem, as pessoas aqui são diferentes, mais receptivas, mais dadas, mais calorosas. O que tornou a minha função simples e divertida. Perguntaram-me se aceitavam mais mulheres ou os homens. Pois eu respondo que me pediam tanto uns como outros. Ainda houve uma ou outra pessoa que me olharam com desdém como se eu ali estivesse a espalhar sementes do demo, mas geralmente esticavam a mão à espera que lhes caísse a camisinha de Vénus. Poucos foram os casais que passaram sem aceitar e ainda menos aqueles que passavam aparentemente indiferentes, para depois ele ou ela me esticarem a mão por trás das costas. A melhor reacção foi a de uma jovem que levantou os braços e gritou "uh uhhh", enquanto saltava para o colo do namorado, que correspondeu à alegria.
Recebi uns quantos abraços e ouvi uns "então quando é que apagam as luzes?". Gosto destas actividades que implicam interagir de uma forma divertida.
Andei-me a arrastar os 3 dias, mas valeu a pena.
Não comi o pão com chouriço! Em vez disso lancei-me ao cachorro, que dizia ter salsicha alemã e vai-se a ver tinha duas salsichas das pequenitas, directamente tiradas da lata. Às vezes o tamanho importa...
Saldo positivo! Para o ano lá estaremos e certamente vão haver mais preservativos de banana, morango, tutti-frutti e fluorescentes a fazer muita gente feliz naquele recinto. :)

Um obrigada à Carla, à Germana, à minha irmã, à minha prima, ao meu menino e às meninas da Abraço :)

14.7.10


Não tenho dúvidas de que o cansaço levou a melhor quando tenho um copo de chá e uma vela acesa...e pego na vela para beber.

8.7.10

Greenpeace #1


Ontem dei por mim a pensar "sou boa a fazer o quê?" e...digamos que ainda estou em processo de discussão mental. Adiante. Mais tarde fiquei assim a olhar para o meu blog como um burro para o palácio e a tentar perceber que raio andava eu aqui a disparatar.
Há blogs de maquilhagem, receitas, dicas & truques de beleza, para a casa, bricolage e construcção, do oculto, de nutrição, de desabafos, de divulgação de negócios, de artes e por aí fora. E eu gosto de todos os tipos, formas e feitios, desde que os assuntos e forma como o seu proprietário se exprime me cativem. E depois é engraçado como criamos "afinidades" com pessoas que nunca vimos, mas de quem conhecemos alguns percalços do dia-a-dia, pensamos saber os seus gostos e interesses, percebemos pela sua escrita se a vida lhes sorri (claro que não deduzo nada disto num blog de bricolage e construção).
Antes de me meter nesta vida, o blog da minha Carla era o meu "blog de cabeceira", porque admiro a forma como usa as palavras para exprimir coisas tão suas (e às vezes nossas) e continuo a fã nº 1. Era ela que insistia para eu criar o meu blog, mas não me convencia, não tinha nada para dizer ao mundo...
E passados uns meses, continuo sem nada interessante para partilhar e por isso acho piada que passem cá pessoas que não conheço de nenhum lado para lerem as minhas parvoíces. Além do meu namorado, da minha irmã e 4 ou 5 amigas, pensei que a única visita seria eu, mas está visto que não e ainda bem. :) (Aproveito a deixa para agradecer à Sandra o presentinho!).
Continuo sem conseguir encaixar o meu blog em nenhuma gaveta, talvez na dos desabafos(?), nem encontrar-lhe utilidade...
Mas hoje tomei uma decisão que vai mudar a vida do planeta! Vai ajudar, vá...

Recebo frequentemente newsletters da Greenpeace, com assuntos de elevado interesse e importância e provavelmente nem toda a gente se lembrou um dia de passar no site e subscrever, portanto vou passando aqui algumas informações, daquelas coisinhas simples que nem sequer precisamos levantar o rabinho da cadeira para ajudar. Que vos parece?
A mim parece-me bem.
E para começar, vamos dizer ao sr. Michael Dell para honrar a sua palavra:
em 2006, a Dell (uma das grandes na área da informática) anunciou que iria deixar de usar os químicos mais tóxicos nos seus produtos electrónicos até ao fim de 2009. Ora, estamos em Julho de 2010 e a empresa ainda não produziu um único computador livre dos ditos tóxicos (PVC e BFRs), coisa que muitos dos seus "rivais" já fizeram.

Dito isto, a Greenpeace incentiva-nos a escrever ao sr. Michael Dell para que cumpra a sua palavra. É fácil, fácil!

Basta ir aqui, preencher os dados obrigatórios, a mensagem já está escrita e tudo, para não termos direito a desculpas...


3.7.10

vida de palhaça



Quando eu era pequenita ouvia os Onda Choc, sabia de cor as músicas dos desenhos animados e das publicidades de brinquedos. Achava que todos os idiomas que não o nosso, eram espanhol - "olha avó, lá estão aqueles a falar espanhol blablabla".
Há uns aninhos quando comecei a fazer animações infantis de aniversários e casamentos, as meninas adoravam as saias e sapatilhas com flores e eu aprendia as coreografias da Floribella para as nossas aulas de aeróbica. Depois vieram os D'zrt e as Just girls.
E as musiquinhas da Disney,ah? Ainda me lembro de quase todas do meu tempo, do início ao fim... Mas isso agora é muito infantil para eles, que já são gente crescida e cantam as músicas da Hannah Montana como se o inglês fosse a sua língua-mãe, por muito que não façam a mais pequena ideia do que estão para ali a cantar. (Nós tínhamos os Onda Choc que adaptavam as músicas estrangeiras do momento!) E o raio da Hannah Montana tem coreografias que já não são para o meu nível...Ai, complicada a vida de palhaça!
Foi só um desabafo...Vou ali preparar uns jogos, que estas crianças já estão habituadas a estas andanças e já não ficam fascinadas apenas pela presença de duas palhaças com os seus balões moldáveis e pinturas faciais...